XXVIII Capítulo Geral

Estar ungido pelo Espírito Santo, faz com que este Cristo se mova por muitos lugares, impelido, precisamente, pelo Espírito Santo. Este é um Espírito de paz e de reconciliação. É magnífico, que todos nós tenhamos este Espírito e é tão bonito verificar como o Evangelho continua a ser vivido nas nossas vidas. Lá onde esteve uma Irmã Franciscana Hospitaleira, aí esteve o Espírito de Deus a dar vida ao Evangelho, na sua vida e ainda hoje na vossa vida, de muitas formas, na variedade da vossa missão.

Governo Geral para o Sexénio 2025-2031

Superiora Geral – Ir. Shirley Ninfa Fernandes

1ª Conselheira e Assistente Geral – Ir. Leopoldina Marina Perpétua Carma de Miranda

2ª Conselheira – Ir. Palmira Fernandes Nguetsa

3ª Conselheira – Ir. Rozely Cândida da Silva

4ª Conselheira – Ir. Glória de Jesus Domingues

Irmã Shirley Ninfa Fernandes

Eleita Superiora Geral em 30.07.2025

para o Sexénio 2025-2031

Perante os três irmãos de Betânia, com quem Jesus cultivava laços fortes, depreendemos duas coisas: O Senhor une-nos e congrega-nos. Por vezes, porém, não temos gestos de amizade proximidade, reconciliação e perdão. É o Senhor que nos congrega e nos envia. É preciso recordar que o Senhor é maior, é Ele que escolhe e envia, mas é preciso concretizar esses gestos na nossa vida. A atitude orante de Maria de Betânia é apreciada por Jesus por ser a atitude certa: estar no lugar certo, à escuta do Senhor, para pôr a sua palavra em prática. A Marta, que vai ao seu encontro e com Ele dialoga, diz Jesus: Eu sou a Ressurreição e a vida.

Convento das Trinas

Neste lugar que testemunha o crescimento e a expansão da CONFHIC, evocamos os insondáveis desígnios de Deus, o anúncio profético da interculturalidade e o primeiro desafio a fazer-se ao largo, vislumbrar e alargar outras terras de missão. Ali se moldaram os primeiros corações hospitaleiros, ousados e criativos, para cuidar e promover o cuidado das entranhas misericordiosas do nosso bom Deus para com o seu povo.

A necessidade de aprender a rezar, nasce de testemunhos. Jesus retira-se para estar com o Pai. Esta atitude chama a atenção dos apóstolos, porque vêm que coincide com o que conhecem de Jesus, exatamente, pela sua vida e missão. É assim que se constitui uma atitude fundamental de quem quer seguir Jesus.

Até que ponto, na nossa vida e na nossa oração, suscitamos o desejo e a necessidade de orar? A oração não é uma fórmula mágica, é uma realidade que necessita de ser acalentada, repetida, constatada na vida de quem reza… exige que se mantenha um diálogo frequente com Aquele a quem se dirige a oração.

Ao celebrar a memória litúrgica de S. Joaquim e Santa Ana, mesmo que o Evangelho não os mencione, assim como a S. José, é interessante intuir como se posicionaram perante a novidade, a dúvida, o mistério, as propostas de Deus e as pessoas… Confiaram na Palavra de Deus. O Senhor Jesus, no seu ministério, muitas vezes disse: “Não temas, pois eu estou contigo”. Se Deus está contigo, quem pode estar contra ti?

Assim nós também, sejamos capazes de viver segundo a fé que nos ensina a saber esperar, para distinguir o trigo do joio, a verdade da falsidade, tanto em nós próprias como nos contextos onde somos enviadas.

A nossa própria vida é uma vida de fé. Encontraremos provações e tribulações, mas devemos lembrar-nos de que a graça de Deus nos sustenta em todos os desafios. Abraçar a nossa fé significa percorrer as incertezas da vida, com uma confiança inabalável Naquele que nos chamou. Os sinais dos tempos mostram os que os caminhos de Deus não são os nossos. O que nos parece forte não o é. A autêntica fortaleza consiste em colocar a nossa debilidade no coração de Deus.

O Senhor nos ensina a necessária atitude para decidir o porvir, o discernimento. Não poderá nascer uma vida renovada a partir do nosso cálculo ou das nossas energias, mas de Deus. Para isso, teremos de o fazer juntas. É necessária a pedagogia da simplicidade e da humildade. A palavra de Deus revela-se num coração limpo, nuns ouvidos disponíveis, nuns olhos de fé. Precisamos de uma escuta atenta da Palavra de Deus livre, de ideias pré-concebidas, egoísmos, medos, livre de tudo o que não tem que ver com o Evangelho. O Espírito Santo deposita em nós o carisma maravilhoso da hospitalidade. Mas hoje são necessárias outras artes, palavras e sinais, outra forma de nos organizarmos, para viver este carisma nos novos tempos. Seguramente, o Senhor falará aos nossos corações, irá convencer e animar-nos neste processo.

Maria Madalena, uma das melhores amigas de Jesus, deixou-se amar e transformar por Ele, tornando-se uma mulher nova, a primeira anunciadora da sua Ressurreição, graças ao Amor Dele.

As nossas fragilidades não envergonham o Senhor. Atraem-no a fim de que Ele possa transformar a nossa vida.

Todos podemos tirar grandes lições da passagem do povo de Israel para a terra prometida. É uma metáfora da nossa vida espiritual e consagrada. Mudou-se o coração do faraó. Que fizemos nós que deixamos partir o povo de Israel que não mais nos servirá…?  Acreditemos que Deus atua… Deus fará coisas impossíveis. Deus tem um plano superior ao nosso.

Ao ver os hóspedes, Abraão levantou-se, correu e prostrou-se a seus pés, colocando se diante destes para lhes pedir que se hospedassem em sua casa…

Quando o amor é forte faz-nos correr.

O pão ázimo foi o primeiro alimento do povo de Deus, a caminho da terra prometida, imagem do pão da Eucaristia que celebramos. Simples, feito de farinha e água, com o fogo que o transforma em pão.

Para nós a Eucaristia, é o alimento que também nos alimenta a caminho da terra prometida, que é o Céu. Como dizia S. Francisco de Assis: Nós aqui na terra todos somos peregrinos e estrangeiros porque a terra não nos pertence, é de Deus. A nossa pátria é outra é junto de Deus. Nós para chegarmos lá precisamos deste pão ázimo que é Jesus.

Hoje, somos chamadas a ser peregrinas da esperança. A mensagem que ressoa com força neste tempo jubilar é clara: “Não deixem que vos roubem a esperança!”

Que essa Palavra se enraíze nos nossos corações e floresça em gestos de hospitalidade, ternura e fé.

Voltar-se para Jesus é segredo e caminho. Ele é o Mestre da alma, Aquele que nos ensina, com doçura e firmeza, as lições que transformam. Cada palavra Dele é semente, cada gesto é luz. E quando O deixamos conduzir os nossos passos, tudo em nós ganha novo sentido.

É tempo de esperança lúcida e fidelidade firme.

É tempo de acender luzes, não com as nossas forças, mas impulsionadas pelo Espírito Santo e sustentadas pela ternura de Maria, Estrela da Evangelização, que guia nossos passos.

Ao terminarem os dias de retiro fomos peregrinar com Maria, a mulher profundamente enamorada por Deus, desde a Anunciação ao Pentecostes, de Belém ao Calvário, no seguimento fiel de seu Filho Jesus. 

Assim peregrinamos sob a luz do seu olhar maternal e vigilante, como em Caná.

Maria sabe as nossas necessidades, conhece os nossos corações e, envolvida na missão do Filho, acompanha atenta as nossas vidas.

Precisamos de coragem para enfrentar, com honestidade e fé, as verdades que se apresentam diante de nós. E de uma profunda confiança de que Deus continua a escrever o próximo capítulo da história da nossa Congregação…

Em cada lugar onde servimos, veremos tanto a fragilidade quanto a beleza de vida. Ouviremos o Espírito Santo falar na língua de muitas culturas e o testemunho de muitas Irmãs. A nossa responsabilidade é unir o que observamos e ouvimos, pensar globalmente e agir com visão e determinação.

Cada novo capítulo, seja na história de um livro ou na jornada da vida, começa com o virar de uma página. Hoje, viramos essa página no desenrolar da história da nossa Congregação. E, inscrito no título deste novo capítulo está o nosso apelo e convicção: “Levantai-vos com Esperança, para novos caminhos de Hospitalidade”.

Mensagem de abertura da Superiora Geral