Irmã Maria Clara do Menino Jesus (Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Teles e Albuquerque) nasceu no seio de uma família nobre, a 15 de Junho de 1843, na Quinta do Bosque – Amadora, perto de Lisboa. Foram seus pais Nuno Tomás de Mascarenhas Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque e Maria da Purificação de Sá Carneiro Duarte Ferreira. Foi baptizada na igreja de Nossa Senhora do Amparo, Benfica, no dia 02 de Setembro de 1843.
Órfã desde os 13/14 anos, Libânia sempre demonstrou um espírito enérgico e independente, um temperamento forte, uma espiritualidade profunda e uma sólida firmeza de carácter, cimentado pelas inúmeras dificuldades e muitos sofrimentos com que se deparou ao longo da sua vida:
Apesar de tratada como filha, sobretudo pela Marquesa, amiga de seus pais, Libânia sentia em si uma força íntima que a impelia a um ideal maior. O clamor dos sem nada e sem ninguém desafiava o seu viver. Vai procurar a Vida Religiosa como meio de se entregar totalmente ao serviço dos mais necessitados.
Após vida luxuosa, contrastante com a pobreza e miséria da sociedade do seu tempo, recolheu-se em 1867, como pensionista, na Casa de S. Patrício, junto das Irmãs Capuchinhas, orientadas pelo P. Beirão.
Percebendo claramente o chamamento do Senhor, em 1869, tomou o hábito de Capuchinha de Nossa Senhora da Conceição e recebeu o nome de Ir. Maria Clara ao Menino Jesus.
A 10 de Fevereiro de 1870, a pedido do P. Beirão, partiu para o Convento de Nossa Senhora das Sete Dores, em Calais – França, para aí fazer o Noviciado, na intenção de fundar, depois, em Portugal, uma nova Congregação.
Professou no dia 14 de Abril de 1871, em França, regressando à Pátria, a 01 de Maio desse ano, como Superiora Local e com a faculdade de estabelecer, em S. Patrício, um Noviciado filial de Calais, cargos que assume três dias depois.
Ficava assim fundada a primeira Comunidade, em São Patrício – Lisboa, no dia 03 de Maio de 1871 e, cinco anos depois, a 27 de Março de 1876, a Congregação já estava aprovada pela Sé Apostólica.
Ao longo de 28 anos, presidindo aos destinos da Congregação, recebeu cerca de 1000 irmãs e com elas tornou-se pioneira da acção social no seu país, fundando mais de 142 obras, distribuídas por hospitais, enfermagem ao domicílio, creches, escolas, colégios, assistência a crianças e idosos, cozinhas económicas, entre outras. Nestas instituições o pobre, o doente, o desvalido de toda a sorte, a massa sobrante do seu tempo, puderam conhecer o amor e os cuidados de mulheres dedicadas inteiramente ao serviço dos mais necessitados, experimentando assim a ternura e a misericórdia de Deus.
A exortação frequente: “Trabalhemos com amor e por amor” era a síntese do seu viver. Só a caridade a norteava. Toda a sua vida foi um gastar-se no labor contínuo de “fazer o bem, onde houver o bem a fazer”, lema de acção do Instituto por ela fundado. Esta mesma acção foi estendida, progressivamente, a Angola, Goa, Guiné e Cabo Verde.
A Ir. Maria Clara do Menino Jesus faleceu no Convento das Trinas, em Lisboa, no dia 1 de Dezembro de 1899, com 56 anos, vítima de doença cardíaca, asma e lesão pulmonar. Foi sepultada três dias depois, no cemitério dos Prazeres, acompanhada de enorme multidão de fiéis que reconheciam a sua santidade.
Sepultada no Cemitério dos Prazeres, foi trasladada, em 1954, para o Convento de Santo António, em Caminha, e repousa, a partir de 1988, na cripta da Capela da Casa-Mãe da Congregação, em Linda-a-Pastora, Queijas, Patriarcado de Lisboa, onde acorrem inúmeros devotos a implorar a sua intercessão junto de Deus.